Friday, April 03, 2009

Assedio e independencia feminina

Voltei a escrever em portugues, sem acentos pq na real eles sao super desnecessarios... e eu tb tenho preguica. Entao... voltei a escrever em portugues. Dizem que eh mais facil de ler. O problema eh que jah estou esquecendo a lingua, entao eh bem possivel que apareca alguma coisa estranha no decorrer do post. Gomen ne.

Bom, todo mundo sabe da fama que o Japao tem em relacao a assedio sexual. Aqui sekuhara (sexual harassment) nao acontece muito em empresas, mas nos lugares cotidianos. Os pervertidos sao chamados de "chikan", e geralmente passam a mao em lugares indevidos. Eles sempre rondam trens lotados, mas o que muitos nao sabem eh que eles tambem cacam vitimas em lugares afastados, espreitando as colegiais em busca de sabe-se lah o que. Esses sao chamados "suto-ka-" (stalker).

Eu sempre fiquei meio triste com essa situacao. O japao eh um pais seguro, mas a quantidade de crimes sexuais eh tao berrante que chega a ser normal. Eu pergunto para todas as minhas amigas japonesas, e 100% delas jah foi vitima de algum tipo de assedio sexual. O problema eh que elas geralmente nao reagem, por vergonha ou falta de coragem. Assim os chikans podem exercitar seus tatos sem muito risco de serem surpreendidos.

Bom, hoje ao falar com uma amiga sobre isso, descobri coisas interessantes. A primeira eh que ela teve cojones para encarar os chikans, dar porrada e sair gritando, o que seria uma reacao tipicamente brasileira. Ela contou que quando voltava para casa, usando seu uniforme de colegial, chegou um cara por tras, lascou a mao na bunda dela e depois saiu correndo. Ela, ao chegar em casa, espreitou pela janela um pouco, e de repente o sujeito saiu do esconderijo e comecou a passear de novo. Corajosa, ela vestiu um uniforme um pouco diferente, e foi ver se o cara fazia de novo. Quando o crapula se aproximou, ela virou de repente e disse algo como "aha, foi vc antes tb, ne seu tarado!" e o cara disse "ah, entao era vc..." e saiu correndo de novo. No fim ele nao foi preso nem nada, e provavelmente suas maos jah tocaram mais bundas do que uma privada de banheiro publico. Eh a vida.

Foi quando essa minha amiga me falou que existem revistas com dicas para se tornar uma garota de entretenimento. Vou explicar: aqui no japao, alem da putaria em dvds, animes e jogos, alem dos prostibulos e casas de massagem, existe um tipo de entretenimento chamado Kabakura. Eh como uma versao feminina de "host clubs". Basicamente voce entra no bar que parece um cabare, escolhe uma mulher, e essa mulher te "diverte". Dizem as mas linguas que nao eh nada sexual - apenas conversando, rindo de piadas tolas, pedindo bebidas e elogiando o cliente, as garotas dos kabakuras ganham seu pao de cada dia. E nao apenas pao - muitas sao inundadas de presentes, vestidos caros e joias. Acho que deve haver um elemento de sacanagem na relacao garota-cliente, mas como nunca fui num lugar desses nao tenho certeza.

Bom, antigamente as japonesas ficavam felizes com a vida de casada. O sonho de muitas era trabalhar num servico de meio periodo por um tempo, depois casar e virar dona de casa. A seguranca e estabilidade eram o suficiente para garantir uma vida "feliz". Os tempos mudam, o feminismo atinge o japao e as mulheres querem ser independentes. Muitas batalham pesado contra o preconceito e baixos salarios femininos, mas ainda assim "ganbareiam" bastante. Algumas, no entanto, sonham em trabalhar em kabakuras. Existem ateh revistas especializadas nisso, com dicas de moda e como proceder para virar uma garota de entretenimento. Recentemente uma pesquisa apontou que kabakura girl eh o 9o trabalho mais desejado por estudantes. Muitas "querem virar mulher" num lugar desses, o que reforca a teoria que, por detras dos panos (ou por baixo deles), existe mais putaria do que se parece.

E eu que pensava "oh, coitadinhas das japinhas indefesas". Oh well, vivendo e aprendendo.